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Nascer. Dor e deslumbramento. Dar à luz, expressa o que, de tão comum, quase se evade da sua força poética e humana.

A criança surge daquela arca de sombra, húmida e cúmplice do corpo materno, para o mundo onde abrirá os olhos para a luz. Seu pequeno coração ainda perto do coração materno.
Nasce. Para tudo aprender, apreender. Nasce num choro. Mais tarde sorri, ri. O choro continua, quando pequenino, para dizer o que sente, pede e ama ou rejeita.
E escuta palavras. De amor e de canto. E, contudo, há crianças que nunca escutaram tais palavras na solidão de uma infância ignorada, mal amada.
Uma criança nos braços é o deslumbrar da vida, o peso e a leveza do mundo.

Dar à luz é uma dignidade do corpo da Mulher. E dignidade entendida num mundo de justiça e de paz.
Dignidade que ao Homem também pertence.
Conceição Ramos entrega-nos muito dessa luz nas suas telas de Artista e de Mãe.
No traço, na cor, escutamos um canto de embalo, sabemos do tacto suave das mãos de uma criança, o seu olhar primeiro, a dádiva tão bela do seio materno.
Arte também é nascer.

Matilde Rosa Araújo (Escritora)

    Março de 2005

Sketchbook | Esboços

 

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